Alguns Homens, Duas Mulheres e Eu | Maria do Rosário Pedreira
foi na página 155 que este livro definitiva e irremediavelmente me prendeu, quando percebi de súbito que falava também de mim - e para mim - e que todas as páginas que haviam ficado para trás não fizeram senão preparar-me para essa súbita consciência que efectivamente os livros nos vêm parar às mãos quando mais precisamos deles. talvez com este livro eu tenha aprendido a deixar morrer mais um pouco o que ficou para trás, e a saber que as coisas que trazemos dentro de nós precisam de ser gastas para que deixem do nos magoar.
pág. 159: «(...) era de outra morte que se tratava. Da que a solidão faz desejar como uma cura definitiva para todas as feridas que as grandes ausências abrem na carne e não deixam cicatrizar.»
pág. 175: «(...) vestígios das pequenas violências praticadas por outro corpo que, havendo-se demorado ao seu lado, ali depositara as marcas de uma convivência temporariamente feliz.»
pág. 209: «(...) pela primeira vez desde há muitos dias, não senti que a casa estivesse fria, nem que ainda fosse Inverno, nem que os fantasmas estivessem deitados no meu quarto à espera de poderem voltar a infernizar-me.»
pág. 226: «A avó partira, deixando um imenso vazio, impossível de preencher; mas essa circunstância permitira que eu procurasse o grego e, com a sua ajuda, aprendesse a refazer os muros que essa morte esboroara e acabasse por encontrar entre eles a saída dos mais embaraçados labirintos.»
Etiquetas: os livros
posted by saturnine | 14:01 |
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