se há coisa que não esqueço são os ruídos. mesmo o que se fixa na retina adquire sempre o tom difuso da intuição. os sons permanecem, brutais, como blocos de pedra aguardando para estalar junto ao ouvido. suportam-se as lágrimas, o negro das roupas, o caminho lento - sadicamente lento -, o excesso de flores, os gritos contidos. mas não há refúgio para o baque inesperado da primeira pá de terra que cai estrondosamente sobre a madeira. é a evidência já incontornável de que um corpo é devolvido à terra para nunca mais regressar. ocorre-me que todos estes séculos de tradição conspiram para que soframos redobradamente e nunca aprendamos a lidar com a morte.
Etiquetas: and death shall have no dominion, as coisas que me passam pela cabeça
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