a flash in the dark
«Ouço essa voz escrita, isso basta-me muitas vezes para adormecer. Como o cheiro do café, de facto. O aroma do tabaco. Estar descalço no chão. Nadar. Pão de queijo. Dois livros, ou três. Uma cerveja fora de horas. As estradas que nos esperam, as praias abandonadas, os mapas, a nossa condição. Um dia num país, um dia noutro. Clarões no meio da escuridão.»
eu não sei fazer mais nada senão roubar. apropriar-me. tento 'apoiar sem agarrar'. mas há qualquer coisa de liquefeito na matéria dos meus dias e nada que seja meu se demora tempo que baste para que se calcifique ou detenha. pressinto a alfição de Ítaca distante no receio de que a noite não acabe, que Ulisses não regresse, que Penélope termine o manto, que os rios sequem cansados da espera. não sei escrever. só sei encontrar. sou arqueóloga dessa voz escrita - o meu ofício é o de viver entre os escombros.
Etiquetas: ítaca, retalhos e recortes
posted by saturnine | 23:00 |
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