os meus desorganizados hábitos de escrita levam-me ao caos. o meu perfeccionismo obsessivo-compulsivo leva-me a picos de organização. este fim de semana vasculhei este blog de uma ponta à outra, desde o
day one, em busca de matéria escrita
compilável. e compilei. registei, cronologicamente, arquivei. quatro anos, quarenta e oito meses, dias e horas a perder de conta. eu vi aqui o filme da minha vida, a mancha escura das dores de crescimento, a procura titubeante de um ofício que resistisse à passagem do tempo. a nudez inicial desconcertou-me. e estão assinalados, como cruzes pregadas à beira da estrada, os grandes marcos, onde do que fui fiz outra coisa qualquer. o riso, o que dói, o lirismo, a dureza dos dias. e está lá, a grande derrocada, ou o grande desabrochar, o ponto em que abandonei irreversivelmente a familiaridade dias dias prometidos. o número de posts caiu para metade, menos que isso por vezes. ensaio pouco, quase nada, o exercício poético. sem angústias. a poesia é uma pedra polida durante séculos pelas marés. tem o seu tempo para se revelar. e há uma aprendizagem fundamental em ser-se mínimo - poder de facto dizer tanto mais, se se aprender a falar um pouco menos.
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