>>> miles to go before I sleep #17



Einstürzende Neubauten | Silence is Sexy

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all the molecules
every single one
the atoms
their spin
their charge
their charme

in   c i r c l e s

.

este disco é a única coisa dramaticamente assombrosa que conheço que, em vez de assombrar, me apazigua.

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I am scattered in the night light *




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* Suzanne Vega | Small Blue Thing

{assombrações}


Nina Simone | Feeling Good
Billie Holliday | Strange Fruit
Tricky vs. Ella Fitzgerald | Strange Fruit

Leonard Cohen | Anthem
American Music Club | Johnny Mathis' Feet
American Music Club | The dead part of you
Suzanne Vega | The queen and the soldier
Suzanne Vega | Cracking
Suzanne Vega | Small Blue Thing
Silver Jews | I remember you
Silver Jews | Let's not and say we did
Silver Jews | Tenessee

//intersection


nos lugares perdidos
nada se move
mas acordaram os grilos, e festejam.

//while the thing I am becomes something else *


dói-me o perfume excessivo das glícinias
arde-me o céu parado sobre a terra muda

como o verão a rebentar-me dentro das veias.





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* part character part sensation.
© Bauhaus

>>> there is a crack in everything

> that's how the light gets in.

you must believe in spring#4
medley








© lbs | 2005

you must believe in spring #3
jasmim






















© lbs | 2005

you must believe in spring #2
amores-perfeitos












© lbs | 2005

you must believe in spring #1
calla lillies












© lbs | 2005

silêncio na madrugada:
à entrada da claridade,
o perfume dos cravos percorre o quarto
o dia ensaia-se pelas janelas.

>>> miles to go befores I sleep #16


«(...) all that mysterious life of the wilderness that stirs in the forest, in the jungles, in the hearts of wild men. There's no initiation either into such mysteries. He has to live in the midsts of the incomprehensible, which is also detestable. And it has a fascination, too, that goes to work upon him. The fascination of the abomination - you know, imagine the growing regrets, the longing to escape, the powerless disgust, the surrender, the hate.»

Joseph Conrad | Heart of Darkness



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a natureza fala e eu tenho que escutar. está lá o fascínio, mergulho no livro como quem aceita embrenhar-se no deserto, encontro o assombro, descubro que o fascínio pelo abismo se encontra no coração de todos os homens.

//exercises in magnification





© lbs | 2005

//strange fruit *

this is how it goes
V
.
.


.








© lbs | 2005




Southern trees bear strange fruit,
Blood on the leaves and blood at the root,
Black bodies swinging in the southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar trees.

* Billie Holiday

//exercises in shocking green
















© lbs | 2005

*butterfly mornings~~


Hope Sandoval


Bavarian Fruit Bread é um dos discos positivamente mais tristes que conheço. dentro dele, a manhã desfaz-se, água a desfazer a pedra. não conheço o que me afaste do assombro que me define.




>
whisper like
a day cast in shadows

// I thought you'd fall for me

//cracked amphora


quando a voz-assombro de Mark Eitzel regressa ao meu leitor, eu já sei o que se segue. Johnny Mathis' Feet é o mundo todo a acabar e a começar de novo. é o preâmbulo da enfermidade, Cale, Cohen, Berman, Vega, e eu com tanto corpo e nenhum lugar onde o pousar. sou só epiderme e terminações nervosas. sofrer com as coisas que nos definem é condição primária do assombro. eu queria habitar a curva de um pescoço, mas habito um assombro. eu queria amar uma coisa, eu queria amar um corpo, eu queria um lugar onde depositar este excesso, um nome que o aplacasse. eu queria o teu silêncio ao meu lado.



>

you only love one thing
and there's so little of it left
he has taken everything
and there's so little of you left

American Music Club | The dead part of you

full moon is on the rise


não tenho modo de dizer
o que falta depois do teu corpo_


_______há dias a fio
que nenhuma palavra
me pede para nascer.

...and we prayed!



Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
eu não sei se quereria ser um livro. ou quanto muito, queria ser um livro diferente em momenos diferentes da minha vida. assim de repente imagino-me Antígona de Sófocles ou A Metamorfose de Kafka.


Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
já, eu sei que já. mas pelos vistos não foi uma paixão assolapadamente marcante.


Qual foi o último livro que compraste?
ao mesmo tempo:
Heart of Darkness, Joseph Conrad
A Estrada Real, André Malraux
O Exílio e o Reino, Albert Camus
Os Cantos de Maldoror, Conde de Lautréamont
Uma Agulha no Palheiro, J.D. Salinger


Qual o último livro que leste?
ou O Mito de Sísifo de Camus ou A Arte de Amar de Ovídio.


Que livros estás a ler?
Heart of Darkness, Joseph Conrad


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abandonados e para retomar em breve:
O Homem Revoltado, Camus
A Pastoral Americana, Philip Roth
O Elogio da Loucura, Erasmo de Roterdão


Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
A Odisseia, Homero
O Mito de Sísifo, Camus
a antologia completa da poesia de Sophia de Mello Breyner
Raiz de Orvalho e Outros Poemas, Mia Couto
O Gosto Solitário do Orvalho seguido de O Caminho Estreito, Matsuo Bashô
Dark Moon, Terry Morgan


(sim, são seis, mas quem é que está a contar?)


A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
ao Paulo, à Sofia e ao Luís. porque sim.

> papel de parede



'for the light to come in,
a wall must crack.'

>>> something is cracking #2


um assombro é sempre um assombro. há pouco consolo nas manhãs luminosas para os que atravessam de olhos abertos as brasas da noite. não tenho modo de dizer: 'o teu corpo'.

>>> something is cracking #1


a minha sede transmontana arde à boca da garganta. aquela água verde, afinal um deserto como os outros.

CASA





há quase dois anos perdi um disco. ficara irremediavelmente estragado pelo assombro das noites demasiado longas. ontem recuperei-o. durante dias rondei-o - ou rondou-me ele a mim - como o predador cauteloso em torno da presa desprevinida, e a noite calma pediu-mo e o regresso fez sentido. estava limpo. já não estava lá gravado o assombro. agora é só a tristeza tranquila de Jobim. percebi assim que o irremediável, tal como a eternidade, é coisa que nunca dura tanto como esperamos.