se entro a correr na noite escura é porque também a noite corre, e eu sigo para os lugares inacessíveis às palavras diurnas. preenche-me uma urgência moderada, que é quase dor e quase alegria, que é o indizível de todas as coisas suspenso num aglomerado de tecidos vivos e vibrantes. há-de ser efeito da lua cheia passada, da certeza de uma ordem comum a todas as coisas, ainda que desconhecida, da primeira aprendizagem de uma felicidade apesar do frio. melhor dizendo, por causa do frio. como justificar o assombro da proximidade se desconhecemos por completo o destino dos nossos corpos?
se entro a correr na noite escura é porque a noite também corre, e nos seus caminhos negros há muitas milhas para andar. é o mundo, ou sou eu, em carne viva, à flor da pele, no irreprimível júbilo de tudo pressentir, se mais não sei da sua natureza do que o próprio desconhecimento de mim?
posted by saturnine | 03:24 |
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