foi agosto que se enganou, todo este verão é um engano, mas o verão arde-me inteiro sobre a pele, o engano da canícula queima-me centímetro a centímetro a incerteza da epiderme. não posso mover-me. não posso estar aqui e não posso mover-me. a própria noite me escalda sobre o corpo. esqueço-me que tenho um demónio de estimação, se tão improvável é a chuva que cai lá fora. habito um deserto ou um deserto me habita. enquanto isso, são as paredes do quarto que transfiguro. é urgente acreditar que estou num outro lugar. ardo. como uma estrela cheia de bolhas *.
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* Herberto Helder
posted by saturnine | 00:10 |
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