andava distraída. só agora descobri esse blog sobre a Ana Teresa Pereira.
lembro-me que descobri esta escritora sem saber que a descobria. li po acaso A Noite Mais Escura da Alma, porque um título assim tinha que ter sido escrito para mim. curiosamente, apagou-se-me da memória. meses depois, um amigo querido pergunta-me pela Ana teresa Pereira e eu respondo que não, que não conheço. é nas arrumações que me vem novamente ter às mãos o livro esquecido. dediquei-me a ele uma segunda vez numa manhã de fim de primavera. ou de início de verão. calmamente, no silêncio das árvores, no hálito fresco das sua sombra. é verdade que me fascinam as imagens que Ana teresa Pereira evoca através das plavras. falam-me constrangedora e inesperadamente de um mundo interior que julgava perdido, algures pela infância, em que toda eu era feita de sonhos de jardins magníficos habitados por criaturas fantásticas. confesso que às vezes me desagrada um pouco o estilo narrativo da autora. mas mesmo assim não resisito ao fascínio. será certamente o que descreve Rui Magalhães em O Labirinto do Medo: Ana Teresa Pereira:
«Ler Ana Teresa Pereira é descer da falsa luz da imagem até à escuridão absoluta onde mesmo o confronto com os nossos próprios fantasmas é ainda uma forma de representação, de desistência, de não compreensão. De facto, não resistimos a olhar o rosto do outro, a ver aquilo que imaginamos.
Recordo um fim de tarde no Funchal. Eu estava sentado diante de Ana Teresa Pereira. Falávamos como não podia deixar de ser, de livros. O dia declinava e, em certo momento, a escuridão era quase total. O som das nossas vozes, que ecoava nessa escuridão, começava a tornar-se-me insuportável. Disse então: não se pode acender uma luz? É que já não te vejo o rosto!
Este episódio pode representar a dificuldade de qualquer leitor perante os textos de Ana Teresa Pereira.
Há sempre um momento em que a tentação de acender a luz é demasiado forte. Mas é preciso tentar, tentar sempre...tentar que a luz nasça do fundo da escuridão e não de um qualquer ponto absolutamente exterior a ele e que não dilua as sombras por completo.»
Etiquetas: achados imperdíveis, Ana Teresa Pereira, os livros
posted by saturnine | 11:34 |
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