uma: a persistência das worms Netsky e Beagle, proliferando diariamente as suas novas variantes pelo meu sistema de correio electrónico. :(
duas: esta hipocrisia toda na já enjoativa discussão sobre a legalização do aborto. será sempre raro encontrar-me a falar sobre assuntos sérios. mas isto revolve-me as entranhas. não tenho complacência para qualquer tipo de fundamentalismo, e o religioso então tem o odor da podridão, da tacanhez, da involução, da pulhice inquisitória. não compreendo como é que nos dias de hoje ainda se atenta tanto contra um conceito tão simples como a liberdade de consciência individual.
a liberalização do aborto não iria, por si só, tornar a nossa uma sociedade escandalosamente leviana e promíscua; iria apenas - e é isto que custa a entender aos fundamentalistas de visão tolhida pelos dogmas - afirmar um direito inalienável, o da liberdade de escolha. já os supostos bons cristãos que se colocam contra a liberalização do aborto pretendem obrigar pela força a que todos abdiquem da liberdade de escolha, que cedam a leis que não são as suas, que se rejam por princípios em que não acreditam; em suma, pretendem que sejamos todos hipócritas, que vamos todos à missa aos domingos, sejamos amigos do senhor padre e até vertamos uma lagrimita de crocodolito por altura do Dia de Todos os Santos; e que depois então levemos as nossas filhas, amigas, afilhadas, às clínicas privadas espanholas para fazer um aborto sem o conhecimento de ninguém. é esta a sociedade que querem esses bons cristãos. de persistência na falsidade, na mesquinhez, na podridão dos valores corruptos. enoja-me isto a pontos inimagináveis.
querer a todo o custo negar a liberdade de pensamento de cada indivíduo, querer amordaçá-lo e castrá-lo para mantê-lo na ignorância, e subsequentemente, sob controlo do guardador do rebanho. quando é que este povinho atrasado vai abrir os olhos e perceber que já estamos no século XXI?
quer-me parecer que este tema tem algumas implicações sensíveis noutros assuntos, que prefiro não abordar (ou aprofunar). tomar posições é perigoso. e afirmar-me assim irredutivel e absolutamente contra toda e qualquer uma espécie de religião é sempre risco de me virem outra vez com aquela conversa chata das susceptibilidades feridas. :|
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actualização: se a questão aqui presente fosse se se é a favor ou contra o aborto, creio que a resposta óbvia é que somos todos contra. mas não é essa a questão, não se pergunta a ninguém uma coisa dessas. pergunta-se, isso sim, o que é que a sociedade está peparada para enfrentar daqui para a frente: interrupções voluntárias da gravidez em casos pontuais, ou o contínuo abandono de recém-nascidos em caixotes do lixo, por exemplo. daí ter insistido que é urgente agir sobre a crise de mentalidades. antes de qualquer outra coisa, é preciso investir na informação, no esclarecimento, na educação, na prevenção. para que não se tenha que enfrentar - na medida do possível - uma coisa nem outra, nem aborto nem crianças abandonadas. edoa a quem doer, não se pode negar que a religião tem a sua quota parte de culpa por manter meio mundo na obscuridade da ignorância.
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reafirmo o que disse, sou absolutamente intolerante para com os fundamentalismos, nomeadamente aqueles que se sustêm na ignorância e no obscurantismo. é urgente operar contra esta crise de mentalidades. é preciso lembrar a meio mundo que não vivemos na Idade da Pedra.
posted by saturnine | 15:14 |
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